Encerraram-se as eleições municipais em 30 cidades brasileiras,
sendo 11 capitais. De todos os candidatos que já estavam exercendo a função
executiva, apenas um não se reelegeu: o prefeito de Manaus. Qual seria a
justificativa mais plausível pela preferência dos eleitores para os atuais
prefeitos reeleitos? Se basearmos no ditado de que "em time que está
ganhando não se mexe", pode-se imaginar que esses prefeitos vinham
realizando um bom governo e tinham a aprovação de seus munícipes. Ou não
seria apenas isso? É sabido que poucos são aqueles que conhecem de fato as
atribuições exclusivas do poder executivo de um município.
Sem sombra de dúvida, a estabilidade econômica do país, que influencia
diretamente no dia a dia do povo, foi o fator fundamental pela escolha da
manutenção de seus governantes. Obviamente, também, muitos munícipes tinham
consciência de sua escolha baseada exclusivamente pela gestão municipal sem
levar em conta outros fatores.
Tendo aprovação ou não do governo federal, num país democrático o poder
executivo é uma instituição que representa a nação. O exercício da
democracia é um direito de cada cidadão, que tem no voto a sua única maneira
de se manifestar. Mesmo, por exemplo, tendo o apoio declarado do presidente
da república, Marta Suplicy não conseguiu reverter o quadro de rejeição que
a derrotou em São Paulo.
Nosso presidente, Lula, completa hoje 63 anos. Sendo ele o representante
máximo do nosso país, é no mínimo importante que cada um de nós, como
cidadãos deste país, conheçamos um pouco de sua vida, antes de sua projeção
com mandatário principal a partir do seu engajamento em lideranças
sindicais.
Luiz Inácio Lula da Silva nasceu no Distrito de Caetés, no Município de
Garanhuns, Estado do Pernambuco, em 27 de outubro de 1945 e é o trigésimo
quinto presidente da República Federativa do Brasil, cargo que exerce desde
o dia 1º de janeiro de 2003.
Lula, forma hipocorística de "Luís", é sua alcunha desde os tempos em que
era representante sindical. Posteriormente, este apelido foi oficialmente
adicionado ao seu nome legal para poder representá-lo eleitoralmente.
É o sétimo de oito filhos de Aristides Inácio da Silva e Eurídice Ferreira
de Melo. Quando tinha apenas duas semanas de vida, seu pai decidiu tentar a
vida como estivador em Santos, levando consigo Valdomira Ferreira de Góis,
uma prima de Eurídice, com quem formaria uma segunda família.
Em dezembro de 1952, quando Lula tinha apenas sete anos de idade, Eurídice
decidiu migrar para o litoral do estado de São Paulo com seus filhos para se
reencontrar com o marido. Após treze dias de viagem num transporte conhecido
como "pau-de-arara" , chegaram na cidade de Guarujá e descobriram a
existência da segunda família de Aristides. A convivência forçada causou
atrito e, quatro anos depois, Eurídice levou os filhos para morar consigo
num cômodo atrás de um bar localizado na Vila Carioca, bairro da cidade de
São Paulo. Após a separação, Lula quase não se reencontrou mais com seu pai,
que morreria em 1978.
Durante o período em que as duas famílias de seu pai conviveram, Lula foi
alfabetizado no Grupo Escolar Marcílio Dias. A fim de contribuir na renda
familiar, começou a trabalhar aos doze anos, em uma tinturaria. Durante o
mesmo período também trabalhou como engraxate e office-boy. Aos quatorze
anos começou a trabalhar nos Armazéns Gerais Columbia, onde teve a carteira
de trabalho assinada pela primeira vez. Transferiu-se depois para a Fábrica
de Parafusos Marte. Pouco depois, conseguiu uma vaga no curso técnico de
torneiro mecânico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).
Formou-se três anos mais tarde e, em 1963, empregou-se na metalúrgica
Aliança, onde acidentou-se numa prensa hidráulica, o que lhe fez perder o
dedo mínimo da mão esquerda.
Alguns anos depois, mudou-se para São Bernardo do Campo, onde, em 1968,
filiou-se ao Sindicato dos Metalúrgicos. Em 1969 foi eleito para a diretoria
do sindicato dos metalúrgicos da cidade. Em 1975 foi eleito presidente do
mesmo sindicato. Reeleito em 1978, foi uma das lideranças sindicais que
restauraram a prática de greves públicas de larga escala, que haviam cessado
de ocorrer desde o endurecimento repressivo da ditadura militar na década
anterior.
Durante o movimento grevista, a idéia de fundar um partido representante dos
trabalhadores amadureceu-se, e, em 1980, Lula se juntou a sindicalistas,
intelectuais, católicos militantes da Teologia da Libertação e artistas para
formar o Partido dos Trabalhadores (PT).
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